Conhecia um garoto que tinha um livro.
Ele era apaixonado por ele, a capa já gasta era majestosa.
O livro já havia tido outros donos, sim.
O menino nem ligava, alias, às vezes ficava incomodado, se lembrava dos momentos em que, supostamente o livro e seus ex-donos haviam tido.
Com certeza nenhuma página daquele encampado de folhas era virgem e por lá já deviam ter passeado mãos e não havia nada que o livro já não tivesse visto ou vivido antes.
O livro já havia sido lido setenta vezes e mesmo assim para o menino ele sempre era novidade.
Ele não precisava de outros livros mais. Matemática já era.
E ele não consegui se distanciar dele nem um pouco mais, a sede de aprendizado era grande e o medo da perda maior ainda.
O livro era lindo. Ele era tudo.