Parado aí!Passa o relógio!
De susto fui abordado por uma voz rouca e abafada.
O medo de olhar para trás me fez abaixar a cabeça.
Não queria ver a cena. Logo eu,cidadão do bem,pai de família.
Será que esse... esse...nao viu meu semblante cansado pela vida e a duras penas marcado pelo trabalho? Conta de luz, deágua..
Já basta o governo ladrão que a todo minuto me arranca umas pratinhas até na compra do pão.
Nada nunca foi fácil para mim. Por que para ele deveria ser?
Nunca fui a favor de desviantes. Nada é justificável. Um amigo meu
elucidava essa entropia dizendo: A vida nem sempre é justa. As
crianças não nascem iguais em termos de oportunidades mas cabe à
sociedade ajudá-las a superar as suas diferenças.Partindo então do
pressuposto de que,por exemplo,crianças órfãs e pobres venham a se
tornar desviantes de conduta,haja chocadeira para encher Brasília.
Não era hora de pensar.Estava sendo assaltado.Ou filosofava os
problemas sociais ou entregava o meu relógio.
Preferi a primeira.
A violência urbana engloba uma série de violências como a doméstica,
escolar, contra os idosos e crianças e tantos outros que existem e que
geram esse emaranhado que se tem conhecimento. As causas são óbvias ou
complexas, a maioria dos simpatizantes desviantes são adeptos da lei de
Gerson,e querem levar vantagem em tudo.
Não sou tão gabaritado de modo a prever soluções e formas de cessar de
vez essa chaga incrustada na sociedade desde o tempo em que o dinheiro
é mais importante que o ar.
Não sei sequer me livrar amigavelmente deste moleque com seus lá 18 anos...
Antes de entrar no ramo da antropologia terei que decidir de novo, ou
filosofar ou entregar o meu Wingmna.
Dependerei do relógio da catedral hoje.
(Como tô sem tempo vai o trabalho da faculdade mesmo.)